Os dois grupos de bugios que, ainda hoje, sobrevivem de forma precária,
isolados nos remanescentes da mata nativa que quedam na região da Estrada da
Ilha devem em breve ficar reduzidos a poucos indivíduos, condenados a endogamia
e extinção. Seu habitat devera quedar restrito a área verde de algum dos
futuros condomínios de alto padrão, que devem ser implantados na região, caso
prosperem as ideias de crescimento a qualquer custo e acreditemos no discurso
vazio e inconsistente, que afirma que Joinville, a pesar de autorizar a
construção de mais de 1 milhão de m2 ao ano, esteja parada.
Dia 1 de julho Ruanda celebrou seu décimo Kwita Izina a festa em
que são batizados os gorilas nascidos ao longo do ano. Em 2013 receberam nome 9
novos gorilas, neste ano foram 22,. Um sucesso de preservação da biodiversidade
que gerou,no ultimo ano, US $ 300 milhões de receita ao país africano e é um
êxito econômico, fazendo do santuário dos gorilas no Parque Nacional Virunga a principal
atração turística de Ruanda aonde cada turista paga em media US $1.000, só para
ver de perto os gorilas no seu habitat, durante pouco mais de uma hora, fora as despesas com transporte, hotel e
outros. Na década de 70 existiam na Espanha menos de 200 exemplares de uma das
maiores aves do mundo, o abutre preto, parecia condenada a extinção, hoje há
mais de 2.000 exemplares e a sua população continua crescendo. Também os
rebanhos de bisontes voltaram as planícies dos Estados Unidos é hoje graças a
ambiciosos programas de preservação e desenvolvimento sustentável há mais de
400.000 bisontes pastando, crescendo e procriando, depois de ter sido
praticamente extintos pela caça indiscriminada e a cobiça.
Aqui as nossas autoridades insistem no discurso do crescimento e
projetam uma Joinville se espalhando por áreas ambientalmente frágeis e vulneráveis,
acreditam e defendem uma cidade em que cada habitante terá seu próprio carro,
em que pedestres deixarão o seu espaço para os cidadãos motorizados. Crescer
por crescer é a lógica das células cancerígenas, em quanto o mundo desenvolvido
já percebeu que crescimento não pode estar dissociado de desenvolvimento,
sustentabilidade e qualidade de vida, aqui em Joinville ainda ha quem viva no
século XIX e acredite que é possível crescer impunemente.
Mas a quem interessam os bugios? Perder biodiversidade não parece
importante para quem ainda acredita num mundo de recursos infinitos.
Publicado no jornal A Notícia de Joinville SC
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