30 de junho de 2014

Bugios e gorilas

Os dois grupos de bugios que, ainda hoje, sobrevivem de forma precária, isolados nos remanescentes da mata nativa que quedam na região da Estrada da Ilha devem em breve ficar reduzidos a poucos indivíduos, condenados a endogamia e extinção. Seu habitat devera quedar restrito a área verde de algum dos futuros condomínios de alto padrão, que devem ser implantados na região, caso prosperem as ideias de crescimento a qualquer custo e acreditemos no discurso vazio e inconsistente, que afirma que Joinville, a pesar de autorizar a construção de mais de 1 milhão de m2 ao ano, esteja parada.

Dia 1 de julho Ruanda celebrou seu décimo Kwita Izina a festa em que são batizados os gorilas nascidos ao longo do ano. Em 2013 receberam nome 9 novos gorilas, neste ano foram 22,. Um sucesso de preservação da biodiversidade que gerou,no ultimo ano, US $ 300 milhões de receita ao país africano e é um êxito econômico, fazendo do santuário dos gorilas no Parque Nacional Virunga a principal atração turística de Ruanda aonde cada turista paga em media US $1.000, só para ver de perto os gorilas no seu habitat, durante pouco mais de uma hora,  fora as despesas com transporte, hotel e outros. Na década de 70 existiam na Espanha menos de 200 exemplares de uma das maiores aves do mundo, o abutre preto, parecia condenada a extinção, hoje há mais de 2.000 exemplares e a sua população continua crescendo. Também os rebanhos de bisontes voltaram as planícies dos Estados Unidos é hoje graças a ambiciosos programas de preservação e desenvolvimento sustentável há mais de 400.000 bisontes pastando, crescendo e procriando, depois de ter sido praticamente extintos pela caça indiscriminada e a cobiça.

Aqui as nossas autoridades insistem no discurso do crescimento e projetam uma Joinville se espalhando por áreas ambientalmente frágeis e vulneráveis, acreditam e defendem uma cidade em que cada habitante terá seu próprio carro, em que pedestres deixarão o seu espaço para os cidadãos motorizados. Crescer por crescer é a lógica das células cancerígenas, em quanto o mundo desenvolvido já percebeu que crescimento não pode estar dissociado de desenvolvimento, sustentabilidade e qualidade de vida, aqui em Joinville ainda ha quem viva no século XIX e acredite que é possível crescer impunemente.


Mas a quem interessam os bugios? Perder biodiversidade não parece importante para quem ainda acredita num mundo de recursos infinitos.

Publicado no jornal A Notícia de Joinville SC

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