Relacionamos a leitura mais com as humanidades que com as ciências,
numa cidade como Joinville em que a maioria dos cursos universitários esta
voltado para as engenharias e acabam direcionando seus formandos para um
mercado de trabalho voltado para a industria pagamos um preço por este
direcionamento e especialização do ensino para o mercado.
Quando ciências e letras ou as carreiras cientificas e as
humanas se separaram cometeu-se um erro, hoje é comum que o saber cientifico
tenha mais prestigio que o saber humanístico. O progresso de uma nação se mede
pelo numero de cientistas e de engenheiros, os humanistas são pouco mais que um
enfeite, sociólogos, filósofos, filólogos, historiadores são vistos como
detentores de um conhecimento pouco útil. Esta simplificação, como todas as
simplificações, é perigosa.
Se originam nas humanas os conceitos mais importantes para nossa convivência: a
dignidade humana, os direitos, a estrutura política, os modelos de convivência são
todos criações humanísticas. O vinculo entre leitura e capacidade intelectual em uma sociedade, que como a nossa, é baseada na linguagem é fortissimo. Ler implica dominar a linguagem, conhecer mais palavras, poder nos expressar melhor e ter um vocabulario mais rico, poder assim comprender melhor e poder defender com melhores argumentos conceitos como a dignidade, o direito, a justiça, a razão. Faze-lo ainda desde perspectivas diferentes de quando abordamos os mesmos conceitos desde o cartesianismo cientifico. Em
quanto às humanidades tratam dos fins, as ciências tem se especializado nos
meios.
Quando deixamos de ler, empobrecemos nosso vocabulario, estamos contribuindo a que se esqueçam os maiores logros de humanidade, e corremos o risco de voltar a epoca das invasões bárbaras, quando se destruiu boa parte da cultura e do conhecimento occidental. Olhando Joinville e as alternativas que estão sendo propostas, a impressão é que
prevalece o pensamento retilíneo e o culto a obtusa simplicidade. Hoje se le pouco e na maioria das vezes e ler se resume a pura e
simples leitura de titulares e a pasteurização dos conceitos, estamos empobrecendo
culturalmente e como sociedade. A quem interessa esse modelo de sociedade que
não lê e tampouco pensa, uma população que não questiona e não debate?
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