Joinville vive dividida entre o seu sonho de ser grande e
sua necessidade de ser melhor. Fez a pior escolha e renunciou a ser melhor para
seguir crescendo com a mesma logica que utilizam as células cancerígenas e o
resultado é o titulo de maior cidade do estado. Santa Catarina é o único estado
em que a capital não tem a maior população e total para que?
Ser a maior só garante que os problemas que Joinville sejam
também os maiores. Os indicadores são perversos e mostram o quanto a cidade é
penalizada por essa ânsia de crescer. Um crescimento sem planejamento e sem
recursos. Podemos acrescentar ainda sem ideias, sem visão e sem outro modelo
que não seja o de seguir crescendo. Há no imaginário dos dirigentes locais a
ideia consolidada que é possível seguir crescendo indefinidamente. É um
conceito que já tem sido abandonado pela maioria de cidades modernas e
avançadas, que entendem que não é possível crescer sem que se estabeleçam parâmetros
e indicadores de qualidade para a população. O modelo das cidades grandes é o
que se baseia ainda no principio de economia linear, aquela que precisa de
recursos infinitos num mundo finito. As
cidades inteligentes estão orientadas no modelo da economia circular. Cidades
pensadas para ser sustentáveis. Para ser mais econômicas e eficientes. Para oferecer
mais qualidade de vida aos seus habitantes. Os pedestres ganham mais espaço e o
espaço público é planejado para permitir que haja uma menor necessidade de
deslocamentos de um extremo ao outro da cidade. Se desestimula o transporte
individual, cada vez é maior o número de cidades que fecham as áreas centrais
aos veículos individuais. Nos próximos 10 anos já haverá cidades que não
permitirão o acesso aos carros.
Joinville cresce muito e continua crescendo mal. As obras
públicas são mal planejadas, pior executadas e a quantidade de imóveis públicos
abandonados ou em péssimo estado de manutenção é a melhor prova do descaso com
que é tratada a coisa pública. Ainda há tempo para reagir, mas a mudança
exigiria um esforço enorme do poder público que parece aceitar bovinamente e
sua incapacidade para fazer e para fazer bem feito por se isso não fosse
suficientemente grave o joinvilense tem desistido de acreditar que outra
Joinville é possível e aceita a inépcia como modelo de gestão e o tamanho como
modelo de cidade.
Essa verdadeira neura de ser "a maior", foi inoculada no "consciente" coletivo da população ha muitos anos atrás, através de políticos infames (um em especial) e oportunistas que viram que o discurso de vitaminar a idéia de que Joinville é a "maior", a "mais forte", e a "mais rica", estimulava o ego da população e isso lhe bastava, mantendo-a inerte. Junte-se outra idéia sobejamente utilizada pelos mesmos politicos, a de que "sustentamos o estado" e Florianópolis gasta todo o nosso dinheiro, não nos devolvendo nada, com isso nos transformando em "vítimas". Isso fez o povo esquecer de olhar para o outro lado, ou seja, lutar por aquilo que precisamos e merecemos. Como o fazem os outros municípios aliás. Viramos um aglomerado de chorões, convencidos de que por sermos "a maior", isso basta para "obrigar" o Estado a nos dar preferência. A mídia, por sua vez, reforça a idéia e diariamente vemos em todos os telejornais o nome Joinville ser trocado pelo epíteto "a maior cidade do estado". Nosso ego está sem duvida generosamente alimentado. Enquanto curtimos esse orgulho, a cidade regride. E nós continuamos convencidos de que a culpa não é nossa...
ResponderExcluirNão reconhecer a culpa é a melhor forma de não assumir as nossas responsabilidades com o futuro que se avizinha.
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