É bonito e empolga falar da Joinville dos próximos 30 anos.
Mas que empolgar, entusiasma pensar que daqui a 30 anos Joinville será uma
cidade melhor que a que temos e vislumbramos hoje. Quem poderia ser contra uma
cidade melhor, mais verde, mais sustentável, mas justa, que integre as
diferencias, com mais qualidade de vida e voltada para o cidadão. Um projeto de
Joinville assim seria capaz de unir ao mesmo tempo todos os espectros do
universo político. Que partido não assinaria uma proposta como esta?
Mas da mesma forma que acreditamos que Deus esta nos
detalhes, também o diabo tem se feito presente nos detalhes. Planejar é uma
coisa, executar é outra bem diferente. A Joinville planejada no plano diretor
de 1973, disso já faz mais de 40 anos, era uma cidade bem diferente da de hoje.
A cidade estaria cortada, de um extremo ao outro, por grandes avenidas
duplicadas. Rotatórias ou elevados permitiriam que o transito fluísse bem e de
forma segura. Atravessar Joinville de ponta a ponta seria rápido e confortável.
O Rio Cachoeira estaria margeado por um parque linear que faria inveja aos
grandes parques urbanos com que a população tanto sonha. O IPPUJ não precisaria
ficar remendando a cidade com binários, trinários e outras invencionices que
são só paliativos para problemas que não existiriam se o que foi planejado
tivesse sido feito.
Se duplicar uma avenida como a Santos Dumont ou um trecho da
Dona Francisca se converte numa missão quase impossível. Se a execução de pouco
mais de meia dúzia de áreas verdes, se alastra por mais de três lustros, sem
que Joinville tenha espaços públicos dignos de ser considerados parques e já seja
necessário reformar as recentemente construídas. Recomenda o bom senso que se
duvide da nossa capacidade de projetar e executar a Joinville dos próximos 30
anos. Ou que no mínimo seja questionada
esta visão idílica de uma cidade que será melhor só daqui a três décadas.
Se não conseguimos fazer bem as coisas mais simples, aquelas
que deveriam fazer parte do quotidiano de uma cidade que insiste em querer ser
a maior do estado e que poderia muito bem investir um pouco em ser a melhor. O
que deveria nos deixar com a pulga atrás da orelha é que se não há a quem
reclamar hoje que não tenha sido executado o que foi projetado em 1973, a quem
questionar o que não tenha sido implantado em 2045 o que foi projetado em 2014?
Quem vai lembrar? Ou estaremos naquela época planejando a Joinville de 2075. Essa
sim será a cidade ideal e quem viver verá.
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