A reforma administrativa anunciada desde o ultimo trimestre
de 2013, foi, aos poucos vazando, de forma deliberada e gradativa pela imprensa
ou por canais informais. “Fulano vai sair da presidência e assumira um cargo na
Camara”. “Zicrano, é o nome de confiança do prefeito para dirigir o Instituto”.
“O instituto tal será extinto e as suas funções e competências serão
distribuídas entre varias secretarias e fundações”. Uma vez divulgada com fanfarra
e foguetório o mais provável é que nada mude muito. E tudo não passe de um
factoide efêmero.
Viveremos novamente o paradoxo do navio de Teseu, na sua
versão sambaquiana. O que um filosofo local poderia denominar: O paradoxo da
batera do Udo. O paradoxo de Teseu propõe uma situação interessante: a
tripulação do navio, ao longo do tempo tem ido substituindo todas as tabuas
podres ou estragadas e as substituiu por madeiras e aparelhagem novas. De forma
que pouco quede do navio original que saiu do porto. Tudo no navio é novo. Mas
continua sendo o mesmo navio de Teseu. Assim, mesmo que todo o navio tenha sido
substituído, o navio mantém o rumo, a velocidade e o capitão. Nada por tanto
mudou.
As mudanças anunciadas projetam um novo paradoxo, o de que
tudo mude, para que tudo permaneça como esta. No estilo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa
na sua novela Il Gattopardo. Alias quanto mais o tempo passa, mais este governo
municipal fica parecendo com o anterior e ganhará quem aposte em que não se
diferenciará nada do próximo. Joinville
vive uma situação paradoxal. Entra governo, sai governo, assume este ou aquele
administrador e os nomes que ocupam cargos comissionados e tem poder de decisão
no mudam, permanecem firmemente grudados e mamando nos úberes fartos do poder
público. Mesmo com a alternância do poder, a maioria dos cargos é ocupada pelos
mesmos nomes de sempre, num caso de mimetismo partidário e de sobrevivência
política que merece estudos mais aprofundados.
A conclusão é a de que a reforma administrativa não
conseguirá, tampouco esta vez, remover a craca, que presa ao casco do navio
municipal, atrapalha a navegação, até o ponto de impedir que o navio singre
livremente o Cachoeira e reduz a velocidade até que fique atolado no cais
lamacento.
Publicado no jornal A Noticia de Joinville SC
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