A Joinville do futuro
é esta que aí está
Quem questiona as ruas
esburacadas, o mato tomando conta de praças e parques ou os edifícios públicos
literalmente desabando por falta de manutenção não conseguem compreender o
quanto de moderno há neste modelo de gestão pública. Quanto esforço, quanto
trabalho e quanta pesquisa foi necessária para alcançar este ponto de equilíbrio
entre modernidade e natureza.
O que a maioria só
consegue enxergar como abandono e desídia é na realidade a volta as origens, a
devolução do espaço usurpado a natureza. A natureza está aos poucos recuperando
o que era seu. A permeabilidade está de volta em cada buraco, o asfalto dá
espaço ao solo natural. A lenta e irreversível deterioração dos edifícios não é
outra coisa que a harmônica convivência entre o presente e o passado, cada
goteira, cada tijolo que se desmancha pelo efeito secular das gotas de chuva
não é mais que a volta do pó ao pó.
Os jardins de
Joinville ficam a meio caminho entre recriar a disciplinada topiaria retilínea
do jardim francês dos séculos XVII e XVIII ou a exuberância dos jardins ingleses
do século XIX. Sem conseguir chegar nem ao século XX, nem, menos ainda, assomar-se
ao XXI. Esta indefinição, está presente
no modelo de cidade, que cresce sem controle, sem planejamento, atendendo aos
interesses e desejos dos antropocentristas, que liderados pelos talibãs do progresso
a qualquer custo, acreditam que o universo seja infinito, que solo e água são
bens eternos e que tudo está posto para nós servir.
Esta gestão, não está
feita para as maiorias, é uma gestão feita para a elite, para essa minoria que compreende
e apoia o projeto de governo que propõe a volta às origens. A época em que as
ruas eram de barro quando chovia e de pó quando saia o sol. Essa Joinville em
que cutias, capivaras e caranguejos compartilhavam espaço com os pioneiros,
aqueles que abriram as trilhas e picadas a facão. Os que lutaram contra mosquitos que naquela época
transmitiam malária e hoje transmitem dengue. O joinvilense de hoje revive as
suas duras origens lutando contra os elementos, contra a natureza hostil e
contra um universo adverso.
Não há nada que
lamentar, estamos sendo colocados a prova, estamos voltando as nossas origens e
a natureza se defende das agressões, dos desmatamentos, das derrubadas, das
ocupações das margens de rios e córregos. Joinville ainda reconhecerá esta
gestão como sendo aquela que mais fez pelo meio ambiente, pela
sustentabilidade, pela preservação da sua história e do seu patrimônio, mesmo
que a sua visão de preservação seja a de nos levar de volta ao passado.
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