Em nome da governabilidade a política tem se convertido numa
geleia real que reúne em torno do poder e principalmente das suas benesses a
inimigos até ontem irreconciliáveis.
Tudo vale para alcançar o poder e neste quesito a falta de princípios
morais e éticos é o melhor aliado dos políticos que fazem do assalto sistemático
aos recursos públicos, a ocupação de cargos e o preenchimento de espaços políticos
a sua pratica quotidiana.
O resultado mais evidente é o aumento da arrogância e da prepotência
dos ocupantes de cargos públicos, que se consideram acima do bem e do mal, e se
acham no direito de tratar o eleitor e a sociedade como um tudo, com total falta
de respeito. Projetos de lei são encaminhados a Camara de Vereadores sem os
estudos e as justificativas necessários e suficientes e esta pratica cada vez
mais habitual é o resultado da pressa por um lado e da certeza que a ampla
maioria do executivo no legislativo, permitirá que os projetos sejam aprovados
no grito, sem maior debate, sem que possa ser adequadamente avaliado o seu
impacto sobre a sociedade.
O caso da chamada “Reforma administrativa” encaminhada pelo
executivo e aprovada com inacreditável celeridade pelo legislativo é um bom
exemplo de como podem ser extintos fundações e institutos, remanejados cargos,
funções e responsabilidades e tudo isso possa ser feito sem maior discussão e transparência.
A pressa tem se convertido na conselheira do governante autocrático e quando
acrescida com a arrogância permite que se cometam atropelos que comprometem e
ameaçam a própria democracia.
Episódios como este e outros recentes, mostram a importância
e a necessidade de contar com uma oposição no legislativo, que seja atuante,
critica e combativa. Surpreende a incompetência e torpeza da maioria que desde
a sua arrogância e superioridade acha que tudo pode e comete erros e descumprindo
procedimentos de forma repetitiva. Da mesma forma como fica evidente a
capacidade da minoria opositora que tem conseguido obter importantes resultados
para impedir abusos e autoritarismos. Uma sociedade mais democrática se constrói
desde o dialogo, o respeito às minorias e a pluralidade. A imposição de um modelo
político em que 51% podem impor sua vontade aos outros 49% da sociedade é a
deformação da democracia.
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