12 de março de 2010

A Cartografia e os Amanuenses

A Cartografia e os Amanuenses

No passado livros e mapas eram escritos a mão, trabalho cuidadoso e preciso, um mapa poderia levar anos em ser copiado, um livro, décadas. Os mosteiros se converteram em focos de cultura, o saber era preservado e reproduzido nos seus claustros e bibliotecas. Descrito de forma precisa no livro o Nome da Rosa de Humberto Eco.

O sistema de copiado a mão era impreciso e levou a não poucas distorções e erros, só com a invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, que livros, jornais e ilustrações se popularizaram ao ponto que o trabalho dos amanuenses praticamente desapareceu. A informática trouxe uma nova mudança e permitiu que informações fossem divulgadas com assombrosa rapidez. Em muitos casos a velocidade da informática permitiu que aqueles erros que na idade media podiam levar anos e lustros para acontecer, agora se propaguem com velocidade assombrosa.

No caso da cartografia, uma ciência exata e precisa, as alturas de morros, o comprimento de rios e os limites de ruas e bairros, dependem da precisão e da veracidade com que as informações são coletadas, armazenadas e processadas, em alguns casos a tecnologia pode causar erros maiores dos que poderíamos imaginar anos atrás.

Lembro de uma reunião na Comissão de Urbanismo da nossa Câmara de Vereadores, em outra legislatura, quando o mapa que se consensou como valido depois de longas reuniões e debates, apareceu dias depois com novos limites e novo desenho, frente à surpresa de uns e o sorriso de outros.

Na regulamentação de Plano Direto, especificamente do Macro-zoneamento existem vários mapas, o que leva a uns e outros a ver Joinville desde ângulos diferentes ou não saberem qual deles esta valendo.

Os mapas das macro-zonas rural e urbana de Joinville integram a Lei do Plano Diretor aprovada em 2008, portanto é lei a ser seguida ou diretamente (Carta Cidadã de 1988) contestada em sua regulamentação. Causa perplexidade que os guardiães dos mapas, responsáveis por preservar sua integridade e divulgação com isenção e veracidade tentam vender novas linhas, engordadas ou desvinculadas de preocupações da sustentabilidade sem a apreciação e o conhecimento de todos. A falta de informações precisas tem levado os técnicos a mentir por desconhecimento ou por má fé, criando situações embaraçosas para todos.

Surpreende a capacidade de defender os mesmos conceitos sobre mapas diferentes com desenvoltura, alegando que nada foi mudado e que tudo foi discutido democrática e participativamente, numa prova flagrante da forma amadora e precária com que a cidade e o seu futuro são tratados.

É como projetar utilizando um metro que tivesse numero de centímetros distintos a cada mês, ou mapas e informações que mudem ao bel prazer dos argumentos e das teorias.

Publicado no Jornal A Noticia

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